Parte V
O Vaticano e a Basílica de São Pedro
«A Guarda Suíça, cuja instituição remonta a Júlio II, em 1505. Seu uniforme, idêntico há quase cinco séculos, foi atribuído a um desenho de Michelangelo» |
Antes de apreciarmos as magníficas obras de arte e as grandes memórias sagradas encontradas nos Museus do Vaticano, devemos destacar a Cidade do Vaticano em seu conjunto, ou seja, o menor Estado do mundo (0,44 Km), que ocupa a homônima colina, entre Monte Mário e o Gianicolo. No mesmo lugar onde o imperador Calígula tinha mandado construir um circo e onde São Pedro foi supliciado em 67 d.C., surgiu uma basílica, a mais importante de toda a cristandade.
Na Idade Média foi constituído o Estado do Vaticano, que se estendeu a grande parte da Itália Central. Cancelado pela unidade italiana em 1870, o Estado reconstituiu-se nas atuais dimensões em 1929, sancionado pelos Pactos Lateranenses entre a Santa Sé e a Itália. O Estado do Vaticano tem sua própria polícia, diplomacia e exército, incluindo-se a famosa Guarda Suíça, cuja instituição remonta a Júlio II, em 1505. Originalmente, esta guarda pessoal do Papa era formada por duzentos suíços. Seu encantador uniforme, idêntico há quase cinco séculos, foi atribuído a um desenho de Michelangelo.
Praça de São Pedro
«A praça São Pedro e a Basílica de São Pedro, no Vaticano» |
A Praça São Pedro, centro milenar da cristandade, rico em fascínio artístico e religioso, é também um imenso espaço harmoniosamente aberto sob o céu, uma elipse perfeita com largura de duzentos e quarenta metros. O local é cercado pelo majestoso Colunado de Bernini, constituído por duzentas e oitenta e quatro colunas dóricas em quatro filas e encimado por cento e quarenta estátuas de Santos Mártires. Duas grandes fontes, a de Maderno e a de Bernini, encontram-se aos lados; e ao centro, surge o grande Obelisco egípcio, ali colocado em 1586, e em cujo topo está conservada uma relíquia da Cruz.
Algumas curiosidades para o visitante desta praça: parando num ponto preciso indicado sobre o calçamento entre as duas fontes, pode-se ter uma perspectiva curiosa e insólita: as 284 colunas alinham-se perfeitamente ao olho, mostrando apenas o primeiro colunado. Outra curiosidade para quem olha é que à direita da Basílica estão os palácios apostólicos, entre os quais se distingue a parte externa da Capela Sistina. Sobre seu teto triangular, pode-se reconhecer a famosa chaminé de onde sai a fumaça branca que anuncia a eleição de um novo Papa.
A Basílica de São Pedro
Antigamente, neste local havia o circo de Nero, mas também foi onde São Pedro sofreu o martírio e o primeiro dos apóstolos foi enterrado. Por esta razão o Imperador Constantino, que se tinha convertido, mandou construir neste ponto uma basílica ao redor da qual o Papa Simaco, em 500, construiu a primeira residência episcopal.
«O Editor de «A Relíquia» (site de onde este texto foi copiado) em frente à Basílica de São Pedro, no Vaticano» |
Durante séculos o bairro cresceu. Depois da Missa de Natal do ano 800, foi aqui, sobre o túmulo de Pedro, e não na então Catedral de Roma, São João Latrão, que Leão II coroou Carlos Magno Imperador. Em 1377 os Papas, ao regressarem do exílio de Avignon, aqui se instalaram definitivamente com a Cúria, até que Júlio II decidiu construir, no lugar da Basílica de Constantino, já ameaçada de desmoronamento, uma nova e grandiosa igreja, confiando suas obras - iniciadas em 1506, mas que prosseguiram por um século e meio - ao arquiteto Bramante.
Sobre o túmulo do apóstolo São Pedro, começou a se erguer em Roma, no século XVI, a maior e mais suntuosa igreja do mundo. Os melhores arquitetos e os artistas mais famosos da Itália trabalharam durante 120 anos para concluírem a Catedral de São Pedro do Vaticano. Os trabalhos começaram em 1452 por ordem do Papa Nicolau, que encomendou o projeto a Bernardo Rosselino. Com a morte do Papa, três anos depois, os trabalhos foram interrompidos e durante cinqüenta nada se construiu.
Na época de Júlio II, uma estátua de David, colocada em frente ao Palazzo Vecchio de Florença, causou muita sensação. O jovem escultor chamava-se Michelangelo e foi chamado por Júlio II para construir-lhe um túmulo, em local a ser escolhido. Michelangelo propôs erguer a capela funerária sobre os muros do templo inacabado e com isso o Papa recordou-se dos planos de construção da igreja e decidiu recomeçar as obras. Entre vários projetos, escolheu o de Bramante e os trabalhos começaram em 18 de abril de 1506.
O projeto de Bramante previa uma igreja em forma de cruz grega, de braços iguais. Sobre o centro deveria erguer-se uma cúpula principal gigantesca e para os quatro braços da cruz estavam previstas cúpulas menores. Mas o arquiteto morreu em 1514 e seus sucessores, Rafael, Fra Giocondo de Verona e Giuliano de Sangallo, modificaram o projeto original. Com a morte de Bramante, Rafael assumiu a direção das obras, continuadas mais tarde por Antonio de Sangallo o Jovem, até 1546.
Michelangelo, a quem o Papa Paulo III entregou o comando das obras, regressou à forma de cruz grega e deu uma contribuição importante ao projeto: a luminosa cúpula que parece flutuar no ar sobre o altar-mor.
Em 1606 o Papa Paulo V determinou que se voltasse à forma de cruz latina. Foi quando Carlos Maderna construiu a nave mais comprida da catedral e a fachada barroca, acrescentando três capelas de cada lado. Bernini, o mais genial arquiteto do barroco, sucedeu Maderna e, depois da consagração do templo, em 18 de novembro de 1626, terminou a construção do edifício e de tudo o que o rodeia. Foi de Bernini o projeto do tabernáculo de 29 metros de altura sobre o altar-mor, assim como as magníficas colunatas.
A superfície do maior templo do mundo é de 15.160 metros quadrados. A cúpula mede 153 metros até o alto da cruz, sendo suportada por quatro pilares de 71 metros de diâmetro cada. "Para o espectador imparcial, a impressão de conjunto dada por todas as naves, com suas proporções equilibradas, seus efeitos de perspectiva, as cores e suas ondas de luz, é fascinante". De qualquer forma, uma catedral como a de São Pedro, com suas proporções colossais e decoração maravilhosa, não pode ser descrita assim tão facilmente.
A suprema coroação de São Pedro é a maravilhosa cúpula no estilo de Michelangelo, visível de todas as partes da cidade. Ela apóia-se sobre um tambor ritmado de janelas atravessadas por elegantes frontões alternados entre arqueados e triangulares, separados por colunas geminadas. Pode-se chegar até a cúpula, de onde se aprecia uma extraordinária vista de Roma - subindo 537 degraus, ou usando o elevador.
São cinco as portas que dão acesso à Basílica: a última a direita é a Porta Santa, que se abre somente nas festas do Ano Santo; maravilhosa é a porta mediana e quatrocentista, chamada Porta do Filarete; a última à esquerda é a recentíssima Porta da Morte (1964) realizada por Giacomo Manzù para o papa João XXIII.
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